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REFLEXÃO DE UM ABIÃ

São textos criados como reflexão sobre o ser humano e seus mitos. Com um olhar peculiar de quem vem procurando caminhos e explicações sobre a existência através da diversidade. Difundir esses textos via rede, foi um apelo de alguns amigos que acatei com muito cariinho, e me servira como laboratório para projetos maiores, portanto espero que gostem, façam seus comentários, indique a outros amigos ampliando a rede para que os textos ajudem de alguma forma aqueles que como eu, procura ler e reler caminhos trilhados.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ABIÃ - UM EMBRIÃO COM A PALAVRA

Temos pouca literatura sobre o Candomblé no Brasil, pelo menos no não montante que deveríamos ter, mas já encontramos uma trilha literária séria,quase séria, surrealista e até preconceituosa como o desserviço que é o Livro do Edir Macedo sucesso em vendas “Orixás Deuses ou Demônios”. Bom o objetivo dessa coluna é ser providencial com um olhar diferenciado dos demais é paradoxal por tratar questões ritualísticas e profundas por aquele que pouco ou nada sabe sobre o ritual, mas nele se encontra. A idéia de criar uma coluna justamente por um aprendiz, vem ao encontro de elucidar por a luz duvidas reflexões e conexões a partir de uma visão virgem do candomblé e a certeza que muitas questões atinge todas as castas não tão inocentes assim , afinal uma coluna cuja assinatura é de um tipo Parsifal “tolo ingênuo” enveredando pelos cultos afros brasileiros, e através dessas duvidas alçadas construa-se caminhos, quiçá, contribuições. Quando questionamos as especificidades literárias de fato são limitadas, mas ao meu ver pela própria estrutura do Candomblé vale citar quando Roger Bastide assim como Pierre Catumbi Verger que se dispuseram a criar uma literatura aprofundada ou melhor mais vertical que a que produziram e deixaram a nota que mais que tenham sido iniciados, dando obrigações e hoje considerados verdadeiros ícones,concluíram que o segredo, os mistérios e ritual devem ficar onde de direito estão dentro do ronco entre as paredes do Ile, quem se inicia passa a entender melhor esse posicionamento.
É sabido, que o candomblé é uma religião em movimento, em transformação, que passa por questões que variam desde a psicologia , sociologia, cultura,sincretismo, africanização,miscigenação e etc.. E que a cada casa há uma interpretação desses fatores muito pessoal e por vezes divergente de acordo com o conhecimento ou ignorância ancorados nos valores do responsável ou zelador, o que torna distante a realidade de ter uma doutrina filosoficamente coesa, quando nos referimos a cultos afro-brasileiros, e o que é pior o que muito se vê, são pessoas ligadas ao “povo do santo” que olha a religião como sombra dos cultos Judaico-cristãos, adaptar uma moral monoteísta, a religiões inteiramente ritualista e animista. Esse tema merece um tratamento mais extenso e profundo,o citei para apontar a triagem que procurei fazer e encontrar um caminho em que posso abordar o tema dentro de uma ótica que possa interessar as pessoas ou até mesmo confortar algumas também iniciantes. Venho pensando nessa questão quando o Pai Toninho me fez esse convite para escrever a referida coluna, no momento contestei dizendo que me faltava muito, o que é fato, para inserir um texto sobre Candomblé,já imaginando olhares críticos recheados de desdém egocêntricos da cadeia hierárquica do candomblé,portanto intuía nesse convite,e intuição no ritual é coisa que não podemos desprezar, uma forma como diria na psicologia Junguiana de encontrar a minha individuação uma trilha para alcançar o Santo Graal ou melhor aguçar minha percepção para construção do meu axé. Escolhi um caminho que pouco se fala e que preserva a singularidade e ao mesmo tempo universaliza que é entendermos o candomblé ou melhor nós mesmos através da mitologia universal, essa visão me tocou a primeira vez quando vi uma entrevista com o Cantor e compositor e Ogã Gilberto Gil, quando ele relaciona o candomblé como uma força mitológica tão importante quanto à mitologia Grega, o fascinante é descobrir que tudo que cultuamos encontramos nos Mitos do mundo inteiro, e que partilhamos de arquétipos afins, isso que Jung chama de inconsciente coletivo, portanto essa ótica valorizando o mito, me parece ser mais útil,do que essa visão dualista cristã. Bom x mal , “virtude x pecado”, positivo x negativo, céu x terra, e que Deus está lá no céu junto com seus anjos celestiais e nós aqui esperando o juízo final.

Sérgio Cumino.

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