NUMERO DE VISITAS

REFLEXÃO DE UM ABIÃ

São textos criados como reflexão sobre o ser humano e seus mitos. Com um olhar peculiar de quem vem procurando caminhos e explicações sobre a existência através da diversidade. Difundir esses textos via rede, foi um apelo de alguns amigos que acatei com muito cariinho, e me servira como laboratório para projetos maiores, portanto espero que gostem, façam seus comentários, indique a outros amigos ampliando a rede para que os textos ajudem de alguma forma aqueles que como eu, procura ler e reler caminhos trilhados.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

“OUTRAS ÁFRICAS”, ENSINA SERMOS TRANSFORMADORES DA REALIDADE


“OUTRAS ÁFRICAS”, ENSINA SERMOS TRANSFORMADORES DA REALIDADE

É comum ouvir - “o ESTADO tem que fazer alguma coisa, tem que incentivar isso ou aquilo, esse ou aquele segmento”. Um bla bla bla de bandeirolas, contraproducentes, geralmente vindo daqueles, que fazem do seu medo de se comprometer uma bandeira de luta. Até quando essas pessoas não perceberam que ficarmos chacoalhando chapéu a frente do poder público, será os miseráveis pedintes. Mas quando se resolve fazer, a qualquer custo, os meios surgem, e se não surge a vontade coletiva se encarrega disso. Não estou dizendo que recursos não sejam necessários, são e temos que correr atrás, para manter profissionais e, sobretudo a qualidade dos trabalhos propostos.
A questão é essa, se propor a realizar, a fazer a diferença. Nós artistas temos a competência e a sensibilidade de comunicar-se diretamente com as necessidades, de vivenciá-las e transformá-las. Para o Estado e seus representantes, com seus sorrisos amarelos em tempos de campanha, vêem essa realidade, não na troca, mas nos laudos estatísticos.
Quanto o ator Jorge Washington um dos integrantes do grupo BANDO DE TEATRO OLODUM me contou do projeto Outras Áfricas, me encheu os olhos. E esse grupo me conquistou em mais uma de suas facetas, porque nessa rede, já tinha postados alguns artigos sobre a qualidade artística desse Bando de gente de talento. São vinte anos bem vividos onde esses artistas madureceram, e tornaram cônscios que são transformadores da realidade.
Quando se trata de trabalhos de inclusão social, vêem as nossas mentes (um ex.) oficinas programadas cujo objetivo tirar as crianças das drogas. E pronto! Resolvido o problema. O trabalho inclusivo é mais que isso, tem que florescer o espírito de cidadania e o amor a vida. Através do sentir-se cidadão, a pessoa vai ter discernimento de seu livre arbítrio, e amando a si, ele amará seu próximo. Tenho uma experiência com trabalhos de inclusão o qual gostaria de citar: - A CIA CAOS8 DE TEATRO que sou coordenador tinha projeto de apresentações de espetáculos, com patrocínio da ERICSSON TELECOMUNICAÇÕES. O projeto visava apresentarmos um espetáculo de teatro, por mês, para as unidades da AACD, espetáculos curtos, com temáticas sociais. O sucesso do projeto era garantido, a cada espetáculo, as crianças, estavam mais participativas. Mas sentíamos que podíamos fazer mais. Um determinado ano foi proposto ao parceiro (patrocinador) uma oficina de teatro, esse se portou de forma profissional dizendo NÃO, no momento não reza no contrato de patrocínio esse tipo de atividade. Fizemos uma proposta, a companhia dará uma oficina, a título de laboratório, se funcionar, incluiremos no próximo ano. Assim acordamos. Uma profissional da empresa ao vir às primeiras aulas, com crianças que mal mexiam o pescoço. Incrédula me pergunta: - Sérgio você acha que vai dar certo isso? Resposta: não tenho a menor idéia, estou aqui para tentar.
Valeu ter tentado. Essa iniciativa teve como resultado, 12 espetáculos patrocinados, com turmas de todas as unidades onde o público assistia artistas em cena, apagando a imagem de cadeirantes e crianças com necessidades especiais, onde suas carências, psicológicas e necessidades de inclusão e acessibilidade ainda um passivo social muito grande.
Falo com toda autoridade que esse tipo de experiência me proporcionou. O grupo Bando de Teatro Olodum, através do projeto “Outras Áfricas”, em parceria com 7 escolas públicas (municipais e estaduais) e instituições sócio-culturais de Salvador esta criando cidadãos da mais alta qualidade. E o
publico que for conferir, vai ver uma ação social de fato, e quem procurar os arquétipos da carência dessas populações, se frustrará, porque já despacharam para dar o lugar ao seu novo momento, a graça de serem artistas. Vale a oportunidade, as empresas que procuram um projeto transformador, onde desejam associar suas marcas, como socialmente responsáveis, aproveitem será um investimento social de grande valia.
Ações dessa qualidade o poder público, não tem habilidade e nem competência para realizar. E mesmo, se quer valorizar. A realidade é distantes da vida conspiradora a qual vivem. Portanto o MINC é beneficiado pelo projeto, quantos todos envolvidos, a “aliança” de interesse coletivo. Sabido que também no segundo setor, há necessidades de projetos de responsabilidade social, de suas empresas, e suprem suas carentes de parceiros no terceiro setor.
O Bando nos mostra, não espere, faça, e verão que eles precisam mais do SEU TRABALHO que o TRABALHO, deles. Porque acima de um projeto inclusivo, são de fato transformadores da realidade.
SAIBA MAIS SOBRE O BANDO DE TEATRO OLODUM ACESSANDO:
Tags: www.bandodeteatro.blogspot.com
VALEU BANDO
Sérgio Cumino,
ator e diretor de teatro, poeta e gestor de projetos sociaisÉ comum ouvir -

segunda-feira, 15 de março de 2010

Os Workshops “Bioenergética e o teatro” e “Ação dramática e Idéia Central”


CAOS8- COMPANHIA DE ARTE OSTENSIVA
Apresenta:
Os Workshops
“Bioenergética e o teatro”
E
“Ação dramática e Idéia Central”

QUEM SOMOS

O grupo teatral CAOS8 DA COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO "nasce" em 1998 como uma Cia de teatro e os primeiros espetáculos, que caminham em direção a um grande desafio: a responsabilidade de formadores de opinião mesclada ao exercício do espírito crítico.
Em 2000, o grupo, patrocinado pela Ericsson Telecomunicações SA, cria o projeto ARTE NA AACD, cujo objetivo principal é contribuir para a melhoria da qualidade de vida e inserção social de crianças portadoras de deficiência.
Com o decorrer dos anos passou a se dedicar ao que denomina como arte com responsabilidade social, dimensionando novos públicos e usando da generosidade dessa arte para conscientizar, e mostrar caminhos para uma cidadania sólida. A partir de 2006, cria um projeto de educação empresarial, aonde teatro vem derrubando paradigmas e colaborando na melhor qualidade de vida dos funcionários das empresas. Hoje nos dedicamos à formatação de projetos, sociais e estudos, sobre o terceiro setor, gestão e empreendimento, parcerias, procurando a melhor forma de integrar e interagir com a sociedade..

APRESENTAÇÃO


Dentre os projetos desenvolvidos pelo grupo CAOS8, temos oficinas e Workshops destinados a todas as pessoas que buscam um autoconhecimento, através de jogos teatrais. Cada participante tem a possibilidade de descobrir-se como ser social. È o teatro colaborando com a integração social e resgate da auto-estima.
Os Workshops: “Bioenergética e o teatro” e “Ação dramática e Idéia Central” são dois trabalhos de técnicas distintas que visa abrir novas possibilidades de apreender a arte do ator. Dirigido a grupos de teatros amadores preocupados com novas possibilidades do fazer teatro e para pessoas (não atores) que buscam enriquecimento pessoal e para profissionais que vêem nas artes ferramentas para aplicarem em suas empresas como dinâmica de grupo e trabalhos de motivação de equipe o que denominamos como Educação Empresarial.

OBJETIVO

Esses Workshops visam fomentar um grupo de interessados em proporcionar uma melhor qualidade de vida ao próximo, tendo como argumento inicial o teatro. O objetivo é estimulá-los ao trabalho em equipe desenvolvido num processo teatral, a colaboração, o saber ouvir, saber organizar idéias, e conviver com a diversidade, são instrumentos imprescindíveis para a melhoria da qualidade de vida de qualquer pessoa. Portanto essa iniciativa é um inicio de formação de indivíduos cônscios do mundo em que vivem, através do conhecimento da linguagem do corpo e trabalho em equipe.

OBJETIVO ESPECIFICO

Apresentar novas técnicas a grupos de teatro
O teatro como porta voz, das ambições de mudanças e conscientização
Usar linguagem do corpo como forma de expressão
Formar uma estrutura dramática para apresentação de trabalhos
Novas técnicas para performance do ator
· Perceber o corpo e o movimento como forma de linguagem
· Constatar as qualidades de movimentos que se tem no dia a dia
· Verificar as dificuldades individuais de integrar-se ao coletivo
· Exercícios e Técnicas de integração de grupo

PROGRAMA
Bioenergética e o teatro
Um trabalho de com base na conscientização e na linguagem do corpo, “O corpo fala”. É cada vez maior o numero de pessoas interessadas em ampliar suas possibilidades de experiência, em desenvolver novos sentidos para suas vidas, em aumentar sua capacidade de contato consigo mesmas, com os outros e com os acontecimentos.
Embora seja dedicado a atores em formação, com base no enriquecimento pessoal e atualização de técnicas de expressão, esse workshop vem suprir o interesse crescente do público em geral pelas contribuições que o teatro vem dando a outros setores, como treinamento em empresas pelo enriquecimento que tem a oferecer à melhoria da qualidade de vida do homem atual.
Formato:
Tempo: 4hs (Quatro Horas)
Recomendações: Roupas adequadas ao movimento corporal
Público Alvo: Atores, Profissionais de RH, e todas as pessoas interessadas em trabalhos de autoconhecimento.
Faixa Etária: Acima de 16 anos.

Ação dramática e Idéia Central
Esse workshop visa passar técnicas de estrutura dramática de uma forma prática e dinâmica, e como transformar de forma rápida uma pequena história em ação dramática, mostrando facilitadores dentro da estrutura de texto, ancorado em ferramentas que auxiliam na comunicação do contexto apresentado.
Portanto torna-se um instrumento valioso para o mapeamento do texto escolhido, no caso de grupos de teatro amador e também para professores de escolas que se interessam em desenvolver teatro com seus alunos e geralmente prejudicado por trabalham num período geralmente insuficiente e com crianças sem experiência alguma de palco. Esse trabalho visa apresentar técnicas que fazem de uma simples estória, (literatura) ser apresentado com bases em técnicas de dramaturgia.
Tempo: 4h (Quatro Horas)
Recomendações: Roupas adequadas ao movimento corporal
Público Alvo: Atores Amadores, Professores do ensino fundamental, e todas as pessoas interessadas em artes cênicas.
Faixa Etária: Acima de 16 anos.

coordenador:

Sérgio Cumino.
Ator, Diretor Teatral – poeta, e atua na formatação de projetos de cunho social para Terceiro Setor.

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domingo, 14 de março de 2010

Movimento Negro potencializa uma nova dinâmica

Movimento Negro potencializa uma nova dinâmica
Artigo inspirado no texto “o tempo e o papel do Movimento Negro. ’’ de Sérgio São Bernardo

“ A AÇÃO SE DA EM CURSO DE REALIZAÇÕES
DE SUAS PRÓPRIAS LUZES”
Jean Paul Sartre

A questão de identidade vulnerável que ainda vemos nos articuladores sociais, e a auto-afirmação do que não se sabe muito bem, é o que aflige a maioria dos brasileiros. Caetano Veloso soube dar uma síntese o que configura a personalidade do nosso povo, “Narciso acha feio o que não é espelho”. Por conta disso todo apoio as políticas afirmativas são de fato necessárias, mas tem que se ter cuidado de ataque xenofóbicos. Acaba usando contra o opressor racista, as mesmas armas, se o que questionamos é a intolerância porque combatê-la com a intolerância. Vemos que os massacres que ocorrem em África na Nigéria, entre mulçumanos e cristãos é o que resulta esse tipo de olhar.

Esta evidente tem que se ampliarem as formas de olhar, se distanciar e observar pelo lado de fora. Para aprofundar uma discussão definir planos de ação, é importante atingir um ponto de vista fora do objeto das preocupações, assim podem saborear a eficácia e a alavanca da critica. O movimento tem em si, o peso de por em pauta, séculos de injustiça, ser herdeiros e responsáveis de rever uma história não muito explicada e nada convincente, ser arauto de uma ancestralidade que é renegada, sabendo que nem todos é o inimigo numa sociedade pluralista. Ver irmãos que preferem como ídolos, o gospel norte americano, que vem embargado do marketing, e socialmente aceito, dentro da moral cristã, do que qualquer mitologia primitiva.
Esse distanciamento é necessário para a reflexão especialmente quando se trata de fatos psicológicos, inseridos subjetivamente neles e os afastam de qualquer forma de discernimento. Olhar de fora significa apreciar sobre o ponto de vista do outro, para isso é preciso atingir um conceito satisfatório da alma coletiva européia, é um processo que leva o grupo a ir de encontro com as incompatibilidades que instituem o próprio preconceito, a peculiaridade do movimento. Em tese tudo que irrita no outro pode ajudar para o conhecimento de si próprio.
São de fato as pessoas ideais para ser porta voz de todo esse contexto. Faz-me lembrar da montagem do espetáculo teatral LEMBRAR É RESISTIR, texto de Analy A. Pinto e Izaias Alma, encenado em São Paulo, em 1999. Linguagem é extremamente realista, calcada no espaço cênico - as celas onde de fato ocorreram prisões e torturas durante a ditadura militar. O antigo prédio do DOPS em São Paulo, sendo que na maioria do elenco era formado por atores que viveram de fato o terror entre aquelas paredes, houve todo um trabalho, que os distanciassem do fato, uma forma de calibrarem seus emocionais, e retornarem a cena dando a veracidade comovente.
Num país capitalista, e pelo que se observa é ainda selvagem, conseguem olhar questões do espírito como mercado, fica difícil, emplacarmos qualquer possibilidade nova sem estar relacionado ao mercado, especificar o publico alvo. Democracia também tem que ser o direito de manifestação das minorias. Talvez seja essa nossa utopia. Assim sendo espaços são ocupados pelos detentores do capital, para tornarem mercadoria, na maioria lixo, e saber quais destinos desse espaço, com que futilidades ocupam seus editoriais, e quais as funções funestas que existem por trás, sugiro ler alguns dos artigos do nosso parceiro Edson Cadette que nos mostra com toda propriedade as quantas andam os tais espaços.
“Quem deseja e não age gera a peste”. Willian Black. Os movimentos são cônscios do panorama nada favorável para ações sociais quanto a isso não é preciso de lembranças, era, é, e será assim. Primeiro dentro do movimento precisa-se separar o Joio do Trigo. Convivo aproximadamente trinta anos, com trabalho em grupo, e dividimos idéias com aqueles que desejam matar o velhote inimigo que morreu ontem, sob o jargão de ABAIXO A DITADURA, outros fazem do seu medo de viver uma bandeira de luta, e outros contem comigo, à medida que não precise fazer nada, e sobra uma minoria que procura restabelecer a gestão e a vida do movimento – que busca objetividade de reintegrá-la a ciências humanas, restabelecendo a conexão com a literatura, história, a filosofia,
Defender ações utópicas é hoje a valorização da comoção ou sentimento de exclusão descomedido. O qual torna contraproducente para avanços sociais de fato, quando me aproprio do discurso improvisado feito por Caetano, no Festival de musica da PUC de São Paulo, “vocês são a juventude que mata o velho inimigo que morreu ontem”. Porque acredito que nenhum burguês branco de o mínimo de bom senso esta em condições de contestar a efetiva possibilidade, de avanços sociais vitalizando as diversidades, através de forças intelectuais e ações conjuntas afirmativas, contribuindo com a inclusão social de alguns segmentos ou de negar o que ocorre hoje avanços oriundos de organizações sócio-políticas nas lutas pela igualdade.
Todavia devem-se criar propostas claras para eliminação dessas desigualdades. Aproveitando da expressão do Sérgio São Bernardo “Os africanos não nos legaram a utopia.” ou “O futuro nasce de lutas que se afirmam na existência do aqui e agora ”Pensarmos em possibilidades históricas mais em termos de ruptura do que com continuidade com a história passada, (a contada nos padrões morais europeus) como um elemento de negação mais do que afirmação antes como um salto nítido como um progresso continuo. Não a negação pela negação, e sim a construção de uma antropologia que segue alem da teoria, mas assume como modo de vida.
A quebra do sentido utópico é justamente a negação histórica- social travestida pela generosidade colonizadora, subjugando a força social, mítica, dos demais povos, que povoam e são a alma desse país. É a tomada de consciência delas, e substituição com a nova narrativa histórica que germina nos movimentos sociais negros, como bem observa Sérgio São Bernardo. Exige uma posição muito realista e muito pragmática, uma oposição livre de todas as ilusões, mas também de qualquer derrotismo, uma alternativa que, graças a sua simples existência, saiba evidenciar, as possibilidades de avanços no próprio âmbito da sociedade existente e saber avaliar os saltos qualitativos, para que se de movimento (vida dinâmica) ao movimento.
Querendo objetar o racismo camuflado, quando mergulham em ditames sobre valores de igualdade forçosamente dando um ar de espiritualização significa a possibilidade de uma aparente igualdade. Mas teremos uma sociedade renovada com valores de fato humanitários quando seus atores forem de fato livres dessas duvidosas bênçãos do sistema. Esse espírito libertário surge em momentos sublimes um deles quando nos deparamos com textos como do Sérgio São Bernardo em que discute o tempo e o papel do Movimento Negro.
Esse espírito de renovação de valores que emerge nessas discussões, diz respeito de como dão sentido as nossas vidas e as vidas de nossos irmãos, diz respeito ao restabelecimento do significado de igualdade. Para a libertação da consciência do qual falamos precisa mais do que a discussão e sim a capacidade de como o negro opera nesse movimento em sua integridade, como nele se anuncia a vontade de viver, ou seja, a vontade de ser integrada com sua mitologia, sua ancestralidade seus arquétipos, sua vontade de viver em paz.
O movimento negro pode ainda não enxergar os efeitos positivos de suas ações, mas devem continuar exercê-la afim de ainda atuarem como cidadãos. ser felizes com as conquistas de seus valores. E não poderão ser felizes, não poderão exercer um trabalho humano, se mantiverem ligados aos valores dos colonizadores.
Nossa cidadania ainda é perversamente européia, branca e judaica- cristã. A fixação européia da palavra “bom” estar ligada distinção de “nobreza” onde se desenvolve a ordem social privilegiado quanto à alma, contrapondo com conceitos de “vulgar”, “plebeu”, “negro” na noção de mau. Surge aí que todos os efeitos etimológicos da palavra, “bom”, foram apropriados a dar suporte moral da classe superior. Seus modos, seus costumes, sua religião, a base cultural desse sistema dualista entre “bom” e “mau”. Somente uma mudança de valores morais, apontará caminhos prósperos, precisa-se construir uma abolição subjetiva, ou seja, uma emancipação dos escravos da moral, aí começaremos a ter ações vitoriosas.
A revolução dos escravos da moral começa quando essa negação chegar a produzir valores, “Enquanto que a moral da aristocrática nasce de uma triunfante afirmação de si mesma, a moral dos escravos opõe um “não” a tudo o que não é seu: este “não” é o seu ato criador. ”F. Nietzsche. Para ser criativo e efetivamente consciente da missão social que se dispõe, é importante apurar o olhar como foi dito para evitar que a carga emocional torne-se rancor, o homem rancoroso não é nem franco, nem cândido, nem leal consigo mesmo. O homem rancoroso fica obcecado pela figura do opositor, designa-o, concebe-o como um ícone, uma antítese do bom de si mesmo. O rancoroso, pode se tornar mais intolerante, que o racista.
O movimento não pode permanecer isolado, tem que ser ostensivo, levar suas idéias ao debate, apurar suas reflexões. Se ficar preso ao próprio circulo restrito, se não difundirem essa afirmação como diferentes, cultura, sociologia, crenças e mitos, que se destina a desempenhar uma função decisiva na transformação de nossa sociedade, o movimento desempenhara tão somente um papel secundário. O grande valor de toda essa discussão que se tem todas as ferramentas para emergir do ambiente restrito e ampliá-lo a ponto de nele englobar forças capazes de trabalhar material e intelectualmente pela transformação. Através de um movimento intelectual, artístico, cultural encontrará de forma criativa, meios, espaços e alternativas de mudança de valores e moral, sem rancor, mas sob os códigos do amor.
Sérgio Cumino.
Ator, Diretor Teatral – poeta, e atua na formatação de projetos de cunho social para Terceiro Setor.

HOMENS A UMA VIGILIA - Mulher Mito da vida


HOMENS A UMA VIGILIA - Mulher Mito da vida
Desculpe-me as mulheres, mas, esse “dia Internacional das mulheres” meu texto é dedicado aos Homens. Não é nenhum manifesto chauvinista não se preocupem. Mas vejo aqui uma oportunidade de nos reencontrarmos com a natureza, com a anima, com a espiritualidade. Em suma o encontro com a Deusa, que na maioria das mitologias representa a natureza. Convoco todos os homens para que façam uma vigília a fim de apurar seus olhares em busca de um homem melhor. Faz-se urgente o equilíbrio do espírito, vivemos numa sociedade que nos distancia cada vez mais da nossa natureza, dos elementares que movem nossa alma, o que gera conflitos existenciais, e desavenças em nossos relacionamentos, nos fazendo perder a magia do amor, tanto para conosco quanto para o próximo. Vivemos num momento em que temos que conciliarmos nosso espírito com a natureza, (A Deusa).
Existirão os que questionaram de “o qual a contribuição para avanços sociais”. Afirmo que não haverá avanço social se não nos reencontrarmos com nossa individuação. A cultura judaico-cristã que prevalece na nossa sociedade brasileira tem como símbolo mitológico o Deus que representa a sociedade. Segundo Joseph Campbell “E quando se tiver uma mitologia que acentua um deus, e não uma deusa tem ai uma religião que acentua a sociedade sobre a natureza, Então com a queda a própria natureza é amaldiçoada”. Temos na história da humanidade formas de exterminar a natureza. Uma delas foi o genocídio de mulheres acusadas de feiticeiras, que foram levadas a fogueira em nome Deus, sobre o pretexto de manterem-se as ordens sociais. O que eram essas mulheres, se sacerdotisas de seitas celtas, que cultuavam sua espiritualidade junto com elementares da natureza e mais uma variedades de povos ditos pagãos, que viam na natureza formas de encontro com espírito.
Quando vemos a devastação que se faz da natureza, e os efeitos que causam no meio ambiente, notam-se os mesmos males nas relações sociais. Esta inserida na tradição não confiar na natureza, porque ela decaiu, pecou. Nossa vida tornou-se uma mistura de Deus e o Mau. A origem de uma intolerância religiosa com os mais variados povos, que cultuam seus elementares. Aqui não foram diferente quantas histórias vemos nos ilês espalhados pelo Brasil, onde nossas sacerdotisas Yalorixas mulheres exemplos de lutas e resistências verdadeiras guardiãs da magia da natureza, harmonia da vida com o espírito, a Deusa, em nosso panteão africano, representada por varias deusas, nossas Yabas, nossas mães. Nossas sacerdotisas são verdadeiros ícones, e apresentam o melhor do anima elemento feminino, bem definido por Jung. O que fascina na mitologia é a universalidade. Seja ela de Afrodite, deusa dos oceanos que incumbe a Psique, ficar presa na rocha a espera de seu casamento com a morte, ou a mais variada mitologias que revelem a mulher como e suas ligações com elementares da natureza.
As mulheres por conta desse domínio patriarcal sempre foram subjugadas, o que na maioria das vezes se organizavam escondidas, uma forma de protegerem seu poder para que não fosse dirigido pelo homem. Tudo o que há na natureza temos em nossos corpos. E a mulher através da anima tem esse poder nos seus corpos é portador de todos esses encantos, enquanto os homens têm de adquirir esse poder. As relações sociais oriundas do esquema escravagista fizeram com que criassem uma estrutura social e religiosa, onde as detentoras desse conhecimento ficaram nas mãos de quem são de direito as mulheres.
A caça as bruxas ocorrida na idade média, chegou aqui, assim como a escravidão a inquisição em tese foi abolida. Todos sabem ainda existem preconceito e intolerância, ambos as ações vindas de uma mesma matriz, européia, patriarcal branca e dualista, cuja cultura mítica é o Deus, que vive lá no céu e nós aqui na terra, e a natureza fica no meio desse jogo entre o sagrado e o profano, o bem e o mau, o puro e o pecado. Aceitar essa vigília se disponibilizar a olhar e sentir a anima começa a ser uma missão nada tênue sentiremos o solo firme da racionalidade, lógica e da razão abalar-se sobre nossos pés. A mulher reconhece mais o animus, elemento masculino, como muito mais facilidade que o homem, o anima isso tudo por terem a consciência da energia em seus corpos.
Mas o ato de observar se torna muito mais complexo quando nos voltamos para dentro, onde também necessitamos de claridade. Luz é intrinsecamente ligada à mulher. A observação e a luz se completam ao contrario não seria possível ver. Mas para observar-lhe o detalhe, temos que olhá-lo atentamente, com carinho, afeição e ternura. Como vemos perda das qualidades e da energia feminina na sociedade de hoje constitui um problema psicológico premente. Atinge dolorosamente a vida emocional de homens e mulheres.
Se continuarmos a viver sob o cunho de uma cultura patriarcal, estaremos condenando a humanidade a seu mais profundo limbo. Existem vertentes religiosas e morais que tem como filosofia banir o pecado e o mau dentro de uma tradição moldada por e para os homens que garantem a sua soberania e poder. Esse embrutecimento da humanidade, com base nessa visão dualista e discriminatória causadora de guerras e genocídios em toda nossa história. E grande responsável do seu descontentamento, solidão, sensação de falta de sentido, mau humor e violência. Contra a Natureza, contra si, sobretudo contra a Mulher. Através da valorização da força bruta e da conquista de territórios, geram um grande desequilíbrio dentro e fora de nós.
A terra como uma entidade viva. E não há nada na terra que não exista dentro de nós, as energias que circulam no olorum, coabitam em nosso corpo. Essa é a idéia da mitologia básica que foi completamente eliminada da Bíblia desde o livro de Genesis, onde vemos isto: ”Tu que é feito do pó e ao pó retornaras”. A terra não é pó. A terra é mãe. Sendo assim olhe, para as mulheres que conhece, mas antes busquem na lembrança, todas as menções de sabedoria e vinham de nossas avós, sim essas velhinhas, quase na maioria analfabetas, mas detentoras de sabedorias, que nos indicam caminhos até hoje, isso é sinal que a sabedoria da natureza atua nessas amadas mulheres.
Mas para observar uma mulher temos que nos livrar dessas amarras seculares, para isso indico uma imagem citada por Goethe: “No cimo das colinas reina a calma, no cimo das arvores, mal se tente um sopro. Os passarinhos silenciam nos bosques. Apenas espere e você silenciará”. Como dizem os Taoistas, no qual nos redemos a natureza e nos entregamos a ela. Ou nas culturas primitivas, nas quais as pessoas se apóiam na natureza. Perceber que a natureza é boa provoca uma transformação total da consciência. Nunca esqueçam o universo esta mais próximo do que se imagina, ele esta nas mulheres com as quais convivemos, nelas pulsam essa divindade. Fundamento do mistério supremo, fonte transcendente e energia do universo, que é também força misteriosa da vida, própria de cada um – e de todos.
Ao olhar para essas mulheres com seus olhos cheios de afeição, de amor, estabelecerá uma relação imediata. Quando for capaz de olhar uma nuvem com olhos que estão vendo pela primeira vez há então uma relação profunda, o fator mitológico primordial é o que Jung chama de coniunctio oppositorum, a conjunção dos opostos. Fundindo-se num belo equilíbrio entre si, uma dança. O prazer de um casal dançando é o do par de opostos numa relação harmoniosa. Façamos nossa vigília sempre e diariamente, para resgatarmos em nossos corpos à volta a natureza, a natureza feminina que ocorre naturalmente dentro da mulher. Assim nossas mulheres não precisarão fazer vigílias contra a violência sofrida por nós homem, e sim se encontrarem para celebrar a existência da Deusa.
Dedico minha vigília as divindades que
fazem de mim um Homem melhor:
Juliana, Carolina, Camila e Guiomar (minha mãe).

Sérgio Cumino

Da Benção da Mãe Preta ao Asé do Zumbi do Palmares


Da Benção da Mãe Preta ao Asé do Zumbi do Palmares
A mitologia Africana tomando as praças suplantando: signos da resistência, bandeiras ativistas e homenagens alegóricas – e situa-se para lá de nossas compreensões e sendo reflexo dos nossos inconscientes indicando caminhos e transcendendo-nos ao rumo de nosso Asé, presenciei em dois momentos distintos um 30 de setembro de 2009 AGUAS DE SÃO PAULO - LAVAGEM DA MÃE PRETA – e 20 de novembro de 2009 - DIA DA CONSCIENCIA NEGRA – LAVAGEM DE ZUMBI DOS PALMARES, praça da Sé em Salvador, ato que combinou com a Caminhada contra a Intolerância Religiosa também na Bahia.
A lavagem é um ato simbólico que representa a limpeza e a purificação da cidade e de seus habitantes. Estava nesses eventos por na ocasião trabalhar numa revista com a linha editorial ligada ao publico do Candomblé, mas mesmo insistindo, em nenhum dos eventos citados despertaram interesse de cobertura por parte da revista, se quer uma nota, seja pela importância política ou pela questão mítica, mas para mim a presença não foi em vão. Me sinto com uma divida pessoal com os organizadores de São Paulo assim como o CEN (Coletivo de Entidades Negras) e mesmo desligado da editora, insisto em repartir minhas reflexões que procuro me ater ao surgimento a evocação de mitos, ligados ao nossa ancestralidade em meio a um ambiente sócio-político.Parodiando o modernista Oswald de Andrade talvez o biscoito que produzo não seja tão fino assim. Deste modo partilho com vocês leitores e membros do Correio Nagô e demais convidados. Quem sabe as Reflexões desse Abiã despertem interesse em outra editora e torna-se artigo de uma nova revista.

Passe pelo largo do Paissandu, no centro da cidade de São Paulo e vai se deparar com essa santidade ESCULTURA DA MÃE PRETA. Com seus lábios grossos, formas avantajadas, gestos delicados, olhares ternos a essência da beleza da MULHER, a beleza da alma, da mãe, da fertilidade, e o que é mais enfático a valorização da vida e como uma Deusa representa a natureza. Ai vem um leitor desavisado e protesta – “Que santa que nada, ela é uma criação de um artista qualquer”. E como um artista abusado que sou, retruco, a esse representante da mediocridade dualista, para ele, uma Santa, tem de ser personagem que viveu na História e que se dedicou a Igreja ou coisa que o valha e necessita de possíveis milagres ou condições sociais e até política, para ser canonizado pela Santa Madre Igreja.

Esta é uma das diferenças que as religiões de matrizes africanas têm que é a consciência de que nós, humanos, não somos os únicos seres do universo que tem personalidade, presença e mesmo subjetividade. Para nós do Asé a Mãe Preta realmente é um símbolo Mítico não pela História de sua vida e sim pelo Mito que se tornou. Há alguns irmãos de santo que somente a vêem como um símbolo (alegoria) da resistência a intolerância religiosa, mas combateremos quaisquer preconceitos quando a fé e as forças que a regem vir às ruas com suas belezas e seus mistérios, ou como diz Muniz Sodré –Melhor forma de combater o preconceito é o amor -. Mesmo se Mãe Preta representasse apenas o signo de uma resistência sócio-política, em prol das diversidade étnicas, já vejo aí um grande passo.

Voltemos ao “artista qualquer”, não é o primeiro e oxalá não seja ultimo, artista com ou sem religiosidade, onde sua arte conecta diretamente com as almas do Olorum pelos arquétipos do inconsciente ou como disse Shaun Mcniff o artista plástico Norte Americano “Há uma paisagem da mente que precisa ser alimentada pela paisagem real”. Pois bem, como em conversa com OFA Miran, Pai Beto, babalorixa do candomblé paulista e um dos organizadores do evento “Águas de São Paulo” que culmina na lavagem da escultura. “A MÃE PRETA que simboliza a maternidade, sagrada em nossa religião” aí perguntei O que ele imaginava - se chegou a passar pela cabeça do escultor que sua obra encomendada pela prefeitura da cidade de São Paulo viria a se tornar um verdadeiro mito?Com um sorriso revelador, disse não fazia idéia, mas que sua mão com certeza estava Abençoada pela Mãe Osun.
'Mãe Preta “(1955) escultura de Júlio Guerra -Largo Paissandu- São Paulo/SP-Brasil
Ao lado da Igreja N.Srª do Rosário dos Homens Pretos. Escultura 'MÃE PRETA'- é uma homenagem à Mucama que dava seu leite ao filho do 'Senhor', sendo que para isso, muitas vezes, era sacrificado seu próprio filho, para sobrar leite ao seu 'filho branco'. Com quase três séculos de existência, a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos é uma referência para movimentos de consciência negra, ligados a igreja catolica, porque apresenta uma tradição religiosa que remonta aos tempos dos primeiros escravos.
A escultura quando aprovada para ser colocada na praça ao lado da igreja de certa forma era uma conquista de ações organizadas e toda a representatividade social da época, mas ela passou a ser um icone maior que uma expressão da história e o registro artistico da condição da mulher escrava no Brasil. Superou a alegoria o fato definitivo e ela tornou-se um mito, além das representações catolicas que fortalecem a igreja vizinha. O mito é a transcendencia a imagem da mucama amamentando, é uma sabedoria que vive em nós e representa a força desse poder, dessa energia, que flui no campo de tempo e espaço, fundamentando-se nos arquetipos de nossa ancestralidade.
A chamo de santidade uma por ser uma referencia a manifestação religiosa formada por indios e negros no seculo XVI em resistencia ao cristianismo e a inquisição no Brasil e outra como referencia a divindade que vem se formando, e o fluxo de energia e inspiração que fazemos circular.
Ha rumores dando tom de fenomento que começa a se delinear na capital paulista. A escultura em homenagem à Mãe Preta está começando a ser venerada com fervores religiosos. São freqüentes as velas acesas ao seu redor; bilhetes manuscritos pedindo graças e terços atirados no seu dorso. No dia da Consciência Negra foi coberta de rosas. Os padres da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, que domina o largo, não estão gostando; acham que as homenagens devem ser dirigidas à santa no altar. Dois detalhes: a escultura de bronze, instalada em 1955, a igreja foi fundada em 1711 e sua irmandade continua ativa; é uma das mais antigas do País.

O protesto por parte da igreja é até pertinente, que essas pessoas louvem os santos da igreja ali do altar do templo, afinal a escultura tem uma representação alegórica, mas o que parece sem sentido, faz-se mais significado do que se imagina. Surge ai um processo em que as relações do ego com os conteúdos do inconsciente, desencadeiam o desenvolvimento e uma verdadeira metamorfose da psique, o que de forma coletiva se encontra, nos diferentes sistemas religiosos e na transformação de seus símbolos. O que temos que atentar as pessoas à medida que vem crescendo sua devoção a escultura em busca de uma conexão com seu poder através do mito, torna-se uma relação organicamente relevante para vida dessas pessoas, como reflexos de suas almas, porta vozes de sua ancestralidade. A execução desses rituais centra o individuo, e a simples representação do mito, fazendo-os viver diretamente o mito.
Aquestão que a Mãe Preta foi além das palavras, da imagem, e ja aponta para alem de si mesma, o que podemos chamar de transcendencia. Devemos encontrar dentro dessa questão a sabedoria, não nos apegar a questão alegorica, como fazem alguns urbanistas, que torcem a boca quando se referem as oferendas deixadas aos pés da imagem, e sim encontrar os ensinamentos que enriquece nossa sabedoria pessoal, o sinal que nossa ancestralidade nos aponta com esses mitos urbanos é converte-los seus arquetipos num caminho próprio.

Ja a escultura do Zumbi dos Palmares de autoria da Artista Plástica Márcia Magno instalada na Praça da Sé na capital baiana já simboliza a história de luta e liberdade do povo negro.Como um ícone da resistência trás em si uma mítica inserida em seu signo e suas idéias que esta representada são reverenciadas como caminho que evoca nosso self espiritual a segui-lo a sermos levado a sua morada, que é nosso próprio coração, que é o mais profundo de nossa própria fonte espiritual. Quando ocorre a lavagem da escultura do Zumbi um ato ritual, extrapola a história e a sociologia, se vemos sua escultura e o ato da lavagem com duas metáforas assim sendo a ritualística (lavagem) têm conotações dos poderes espirituais que estão dentro do individuo. Não se louva a alma de Zumbi, e sim fortalece o arquétipo que o mito representa dentro de nós, por isso considerado o signo de toda uma raça, que tem ligação com a harmonização da consciência em si, em relação à base do ser na natureza, no corpo, que é em si uma manifestação do mistério. O ritual faz com que deixemos a interpretação histórica do símbolo numa posição secundaria dando relevância das formas simbólicas para nossa própria vida.
O Mito nos ajuda a reconhecer a profundidade do nosso ser, em suma a função principal dos ritos é orientar o individuo, levando a consciência onírica mais profunda e criativa, somado à consciência desperta que é critica, esse é o equilíbrio que buscamos o ASÉ!

Sérgio Cumino

*FOTO Mãe Renata

ÉTICA MOLECULAR




b>Ética Molecular
No decorrer da nossa história vivemos nos deparando com essas questões, como nossos organismos sociais, servem de fato a população. As indignações que menciona, partilho-as. Assustam-me mais quando ocorrem em sistemas menores ao nosso alcance, quando olhamos ao Macro sistema, com suas diversidades geográficas, de povos, culturas, de capital e etc. Um amontoado de complexidades e meandros que nos perdemos, na quantidade de forças atuantes e pelegas que imperam em nosso congresso. Mas o micro organismo, que revelam o que acontece em dimensões gigantescas ocorrem as nossas barbas por pessoas do nosso convívio. Sou chamado por organizações menores para formatação de projetos de cunho social, e vejo que muitas vezes se quer sabem como querem atuar, mas já tem brigas pelo poder interno, onde muitas vezes, me hostilizam por acharem ser uma ameaça a cúpula em exercício.
Nos anos 60 e 70 no auge da resistência, nos círculos intelectuais, discutia-se deviam empenhar-se por uma revolução da classe média (diga-se de passagem, quando se envolvem em causas sociais conseguem no mínimo mais representatividade) ou uma revolução operaria de fato. A pergunta era esse povo quer de fato, a tão sonhada democracia ou se seu sonho é serem burgueses? . Acho que o âmago da nossa questão esta ai. Vem à memória uma cena do filme Terra em Transe de Glauber Rocha , quando uma personagem interpretada por Jardel Filho, o jornalista e poeta Paulo pega o homem do povo, e quase aos delírios, falando diretamente para a câmera diz, - vocês querem ouvir a voz do povo – direciona o foco para homem do povo – fala povo! E o homem assustado se mantém no ensurdecedor silencio.
Vejo essa cena antológica, e que nada mudou, mesmo com a anistia ampla geral e irrestrita, do inicio dos anos 80, e ressurgimentos de frentes populares, até mesmo o nascimento do PT, como um partido ícone dessas lutas, tendo como base as manifestações dos operários nas greves do ABC paulista que abalaram de fato todas as forças. Esse alento mudou a cara do país. E conseguimos a tão sonhada Democracia, sonho esses de seguimentos muito específicos, e humanitários, porque nas feiras publicas, e reuniões familiares eram comuns quem defendesse a Ditadura Militar, e quantos declarados filhotes dessa ditadura ainda se elegem décadas depois.
Passamos 30 anos dessa mudança social, e vemos ainda não sabemos o que fazer com esse campo irrestrito que é a democracia?Ela nos mostrou que na sua amplidão de possibilidades, como Elder Vieira citou no seu artigo, caminhos para outras ditaduras que empacam a ação de fato democrática. Olhamos para os organismos democráticos menores, sindicatos, as organizações de bairros e associações de tudo quanto é tipo. São poucas as que de fato se preocupam com temas de responsabilidade social, inclusão e representação da comunidade junto ao poder publico. Na maioria são diretorias criando mecanismos para interesses próprios. Quantas ONGs não são criadas, e outras tantas investigadas, por serem mecanismos para colocarem as mãos na grana, seja de que origem for. O desejo de serem burgueses e de formas escusas continuam.
Essas pseudo-s organização vêem nas suas formas de lutar, aliar-se a candidatos, que profetizam ser o representante legítimo da comunidade em troca de seus votos, na maioria são esses que o amigo citou com repudio. Esses presidentes acabam sendo porta voz da falsa ilusão, e colocando no banco das assembléias esses sujeitos, que retornam as bases as vésperas da reeleição do próximo mandato. Lembro de uma vez encontrar uma desses paladinos comunitários, esse com o discurso afiado, detalhem uns são amestrados como mandam a cartilha, e parte da premissa que o povo é alienado, portanto meia dúzia de chavões é o suficiente para inibir o interlocutor. Retomando essa simpática liderança, veio me apresentar seu candidato, com seu folheto, (corpo a corpo) é trabalho das bases, depois de proliferar os versículos de seu magazine partidário com arrogância de sua “consciência política”. Causou-me certo asco, que precisei parar o discurso com uma pergunta: Sabe qual a diferença de sua atuação política e a minha? A minha desenvolvo ações de inclusão social, através de oficinas olhando nos olhos do participante, e buscando que ele reconheça em si seus valores. E você não passa de um cabo eleitoral, que faz do caixote de madeira da sua realidade, um pedestal para sua soberba.
Hoje vemos o segundo setor organizado, em questões de responsabilidade social, claro que movidos por motivos na maioria das vezes mercantis, mas o fato é que atuam nessas questões de forma mais profissional, e o que esta fazendo a diferença no país hoje. É esses empreendedores com a bandeira do comprometimento social, e o terceiro setor, os sérios, existem muitos que são. Vendo isso e a duvida do Elder que sabiamente a dividiu conosco, porque intui ser de milhões de brasileiros. Chegou a hora de fazermos um balanço de valores, dentro mesmo de nossas famílias, de nossos círculos, grupos, do que vemos como justiça social, e um senso de fato de comunidade, para iniciarmos não um macro revolução nesses valores, mas sim uma revolução molecular, com a atuação dirigida a melhor qualidade de vida de todos. Mudemos nossas células, para que assim, a ganância pelos privilégios do poder, não seja mais o objetivo de quem colocamos lá e sim ser um braço dessas forças. Portanto que nossas associações de mulheres, artistas, etnias, terceiro setor, fazendo sua parte, e criamos nossa revolução molecular.
Sérgio Cumino

sábado, 20 de fevereiro de 2010

SERVIÇAIS DA INTOLERENCIA É O REFLEXO DO VELHO PARADIGMA

Ao me deparar com o texto “
Beyoncé, a pista Vip e o racismo institucional “-
Por Jocélio Teles dos Santos*, um depoimento indignado sobre o racismo enfronhado nas instituições que supúnhamos serem democráticas. Vi que poderia ir alem de um simples comentário sobre a importância do texto. Despertou-me a vontade que isso ecoe, e como o autor o fez, da linguagem escrita mais que um signo, e sim um valor, uma arma eficiente contra a impunidade, assim me posiciono.
Mais um lamentável depoimento sobre o racismo no Brasil, oriundo de um estado terrivelmente mal aparelhado, com pessoas que deviam estar auxiliando para o bom andamento do evento não serem a voz da barbárie institucional. Como pode o efetivo de uma policia se vir no direito, de serem os três poderes num só. O Legislativo, ali de improviso cria uma lei, constranja quem tiver que constranger, claro dentro de um bom senso constitucional, que seja negro, ai se torna Judiciário, se o sujeito (elemento) se indignar desce o cacete para ele ver quem é a autoridade, e por ultimo o Executivo, bate.
Esses acontecimentos envolvendo a polícia baiana tem sido recorrente nos noticiários. Episódio dessa natureza também era comum junto a policia militar de São Paulo, sendo um comportamento que desabona a imagem da instituição e do Estado, esse por sua vez começou a se preocupar com a selvageria da milícia institucional, não por questões humanitárias. O Estado nacional ainda não atingiu tamanha evolução, mas São Paulo só avançou puramente por motivos eleitoreiros, as pesquisas indicavam a segurança e a arbitrariedade de seus agentes uma preocupação do eleitorado. Vivemos em São Paulo, o genocídio do Carandiru e outras atrocidades nas periferias paulistanas, que forma manchetes na imprensa internacional. Isso fez os neoliberais do poder remodelar sua tropa. Hoje vemos soldados, melhor instruídos, creio que longe ainda da civilidade ideal, mas aponta melhoras visíveis belos bárbaros que eram.
Claro que o racismo existe, o que muda é que hoje tocamos na ferida, escrevemos sobre o tema, sem sermos taxados como subversivos, por levantamos a bandeira da liberdade. Já com o jornalista Fernando Jorge em 1964, foi diferente, ao afirmar que havia racismo no Brasil, além de problemas com judiciais e seus inquéritos, ficou sob a suspeita de ser um escritor subversivo, conforme se deduz numa noticia do jornal O GLOBO em 21 de abril do mesmo ano. O link com Fernando Jorge é pertinente porque além da represália ter sido por denunciar o racismo na década de 60. Demonstra também que desde a época do império até os dias de hoje mantém essa cultura fascista de comportamento truculento, onde negros, índios, artistas, jornalista, estudantes, intelectuais, professores, homossexuais, trabalhadores, religiosos de matrizes africanas, e muito mais grupos desse país tão diverso, é refém desse velho paradigma com raízes no coronelismo feudal.
Ao que vemos esse comportamento tosco da policia vem de heranças psicossociais enraizadas nessa moral imposta pelo poder, vinda das caravelas portuguesas, um ódio antigo, secular proveniente de espíritos sempre anacrônicos, serviçais da intolerância. O Brasil esta aos poucos descobrindo sua pluralidade fonte de nosso tesouro cultural, mas esse ranço do autoritarismo de uma elite neoliberal que custa sair do poder, reflete em instituições que a tempo já deveriam acompanhar as mudanças. O Brasil é um país onde criou Estado antes mesmo de ter um povo. Esse modelo arcaico ainda reverbera em setores, aonde precisam crer que é superiores a alguma coisa, serem “sinhozinhos” seja lá do que for não toleram o novo, porque isso expõe a patologia do que sofrem a doença em que é consumida, a arbitrariedade, do qual Jocélio Teles dos Santos narrou em seu Blog, e difundido no correio Nagô por DJ Branco.
O texto expressa bem isso, esse tipo de mentalidade, dessa milícia da intolerância, que reproduz um quadro social, presos numa mentalidade arcaica, são esses que praticam violência contra mulher, que tem crescimentos absurdos, exploram crianças ao trabalho escravo e etc. assim como os desbravadores lusitanos. A questão do negro tem algumas similaridades de auto-afirmação reacionária com o domínio pela força que ocorre com a mulher, só que de uma forma macro-social. Esse absolutismo dos velhos paradigmas confinados a uma crueldade histórica, conforme o negro compôs nosso quadro social, na condição desumana da escravidão, portanto visto o definem seres “inferiores” pela superegocêntrica aristocracia oriunda do velho mundo, como é exposta por Jean Paul Sartre em Reflexões sobre o Racismo, “Olhe para o outro como inferior, para se assumir como superior principio do racismo”.
Hoje vemos essa moral em mãos de um poder sem eficácia e de discurso sem interlocutores, ou melhor, sem escravos. Graças ao avanço das diversidades, assim sendo quando se deparam com a condição de seu pseudo poder, querem fazer valer sua herança moral arbitrária. Hoje o negro conquista seu espaço com maestria, como fênix, o que justifica mais o orgulho negro, e incomoda esses lacaios, vê-lo (o negro) gozando sua condição de cidadão, é lamentável querer fazer valer à força a premissa de seu preconceito. E quando com o uso da violência, mais revela o desespero que sua patologia secular insere.
Numa sociedade que avança através da troca do convívio das diferenças, essa conduta fascista, ainda é sua sombra seu negativo, a ruptura com a comunicação. Vemos então mesmo com avanços os simples modelos de troca para captar o ser dentro de uma democracia ainda é pouco. Nossa busca tem que ser pela intencionalidade coletiva, mais profunda perante as estruturas qual as oprime gerando relações sociais, e ponha de quarentena essa vertente negativa, para não germinar xenofóbicos de qualquer natureza. A fim de entenderem melhor a amplidão desse novo paradigma que faz da linguagem que antes era signo, em valor, como vemos no texto do Jocélio Teles dos Santos, na manifestação do Bloco Mulherada, contra a violência com a mulher. Assim faremos com que a ontologia do social e a reflexão sobre o poder, sejam instrumentos para construirmos uma sociedade integrada, democrática, plural e extraordinária pela sua diversidade.
SÉRGIO CUMINO
OBS: Veja http://www.irdeb.ba.gov.br/evolucaohiphop/?p=812#more-812 -Por Jocélio Teles dos Santos*Departamento de Antropologia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

REFLEXÃO DE UM ABIÃ - ABIÃ A PROCURA DO TEMPO

REFLEXÃO DE UM ABIÃ = ABIÃ A PROCURA DO TEMPO

“Rejubile-se de seus poderes interiores, porque são
os criadores da totalidade,da plenitude e da santidade que existe em você” Hipócrates


È comum ouvir falar que o tempo do homem, é diferente do tempo, espiritual, cheguei a vir uma camiseta com uma mensagem escrita: “O tempo de Deus é diferente do tempo do Homem”. Em ambos os casos, têm em comum o tema da separação. Talvez o ponto seja justamente oposto, quando falamos pela ótica mítica e até mesmo a da Física, vemos que tempo é um só, porque à medida que assumimos existir um tempo espiritual ou de Deus e o do homem, outro, perdemos o que é essencial a consciência do tempo quantum. Nessa simples questão, vemos aí uma visão judaico-cristã, o que torna totalmente paradoxal a integridade com os mistérios da natureza, e cosmo. Conhecemos como tempo o cronológico, biológico, e psicológico, e se vemos Orisá como energia, essa força mitológica não tem data, tempo, e sim força cósmica, portanto atemporal. Essas forças, energias, nossos Orisás pulsam em nós ,em nossas células, assim como nos elementos da Natureza, onde tudo esta conectada por uma mesma inteligência, a da mente, das células, das ervas, água, fogo todos os elementares, portanto a questão do tempo, não é dividida e sim integrada, o tempo é um só, o qual os psicanalistas chamam de continuum. A física quântica já aponta que a mesma cosmologia que habita em nosso corpo é a mesma que habita no cosmo. Einstein e outros tantos Físicos derrubaram esse velho modelo de espaço-tempo, substituído por um tempo fluido, intemporal, de transformação constante. Esse tempo quântico não é separado de nós – ele é nós. Nosso corpo é um organismo que flui com a força de milhões de anos de inteligência. O que nos separa não é o Tempo e sim a consciência de nós mesmos, se mudarmos a percepção, como vemos nós mesmos causaremos imensas mudanças em nosso corpo e nosso espírito, em nossa percepção do tempo. Portanto o que nos separa de Deus não é o pecado e sim a percepção de nós mesmos. A ciência moderna começa a descobrir esses fatos, mas há séculos que tradições espirituais através de suas mitologias revelam a integração do homem com essa inteligência. Na índia o fluxo da inteligência é chamado de prana (Força vital) e nós a conhecemos em nossa mitologia Afro-Brasileira como Asé. Na realidade quando ficamos integrados com as inteligências da natureza, passamos a ter uma única concepção de tempo,assim como novo paradigma passa a nos ver não só como parte do cosmo, e sim como o próprio cosmo, onde o tempo de Deus e dos espíritos é o mesmo que o nosso, porque se Deus é onipresente, onisciente,é vida, é tudo, Deus então é nada e o tempo passa a ser um só. Na ótica do velho paradigma, nos vemos como entidades separadas, portanto criamos o caos entre nós e as coisas lá fora. Há um provérbio indiano que diz: “O medo nasce da separação” e todo tipo de violência contra nós mesmos e contra o próximo, que surge com o medo. O novo paradigma na realidade nos permite atravessar a fronteira que dividia mente, corpo e espírito. Quando uma pessoa reclama do abandono do Orisá na realidade ocorreu uma ruptura com sua própria essência, mas quando pedimos por caminho levamos a mente à intenção da salvação pessoal. Se perder o contato com esse continuum da vida, a busca do caminho, do Asé, que está intrinsecamente ligada à criação, geramos, dualismo, preconceitos, intolerância, medo, insegurança e hostilidade de toda Natureza.

Sérgio Cumino

sábado, 13 de fevereiro de 2010

BLOG : POESIA – GENEROS & SEDUÇÃO COMEMORA 450 VISITAS EM UM MÊS

BLOG : POESIA – GENEROS & SEDUÇÃO COMEMORA 450 VISITAS EM UM MÊS


A receptividade, adesão e estímulos que venho recebendo de amigos com relação aos BLOGS que hospedei na internet, levaram-me a entrar no segundo mês de existência comemorando. Uma resposta que surpreendeu as expectativas. Em trinta dias POESIA - SÉRGIO CUMINO - poesia GENEROS & SEDUÇÃO recebeu 450 visitas, e SERGIO CUMINO - REFLEXÕES E PROJETOS esse foram registradas 120 visitas que considero para uma ação despretensiosa um resultado extraordinário. Fora os inúmeros e-mail ou comentários no MSN.

Para comemorar essa MARCA e acariciar os olhos desses leitores foram postadas as poesias da poetisa NAIR DE OLIVEIRA, senhora que me emocionou, pela sua sensibilidade, e a forma terna de ver o mundo. Fora os poemas dessa extraordinária poetisa,

Coloco mais poemas meus, aproveitando o mote do carnaval à poesia desenha situações que vão alem dos versos escritos sito o CANTO DO BLOCO MULHERADA um voto de respeito e admiração pelo Bloco Mulherada de Salvador Bahia, que vão a rua somar a alegria do carnaval baiano com uma ação contra a violência com a mulher. Trago na lista outra tragédia, já essa causa pelas enchentes em SP, O CARNAVAL DAS MARCHINHAS revela a originalidade da cultura de uma cidade, que germina em meio a casarões históricos através das impressões que tive do carnaval de 1985, em 2010 foi devastada pelas enchentes. Mantendo o tema das enchentes vale ler NO TELHADO ESPERANDO DEUS e ATOLEIRO DA EXISTENCIA, o olhar critico aos aspectos sociais se verticalizam e mergulham numa psicologia social com CIRCUNSTANCIAS URBANAS e PARQUE DOS PEDROSOS esse segundo um bairro da periferia da cidade de SP onde minha janela se via o quadro do abandono social. E para finalizar com dois poemas sensuais AS CURVAS DA SERRA AS CURVAS DA BELA e PERCEBO SOB O VÉU cujo gênero tem sido muito apreciado por boa parte desses leitores.

CONFIRA, http://poesiasergiocumino.blogspot.com/2010_02_01_archive.html E COMEMORE CONOSCO, NÃO ESQUEÇA DE DEIXAR SEU COMENTÁRIO

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

OSUN REINA NO RIO TIETE ?

REFLEXÃO DE UM ABIÃ

OSUN REINA NO RIO TIETE ?

Falemos sobre as águas , ou melhor Águas de Osun, se buscarmos nos arquétipos relacionados a esse Orisá onde os signos estão ligados à beleza em essência, a criação (maternidade) ou estética (arte) e seu reino esta na mais pura e cristalina magia das águas doces (rios e cachoeiras). Ai me resta evocar o que mais inocente e puro existe em nós, e a sociedade moderna nos faz abafar reprimir, chamemos de oxigênio que existe em cada um de nós, a criança, por conta disso rogo aos Ibejis que tem a benção de Osun. Como disse o P. Leminski “."Nesta vida, pode-se aprender três coisas de uma criança . E como sempre alegre, nunca ficar inativo e chorar com força por tudo o que se quer." Mas para que se chore com a força que a situação pede, necessita-se de oxigênio coisa que o Tiete não tem na maior parte de sua extensão . Então gritemos e apoiados pela Mãe Inhasan senhora dos ventos para que leve aos quatro cantos nosso apelo. Mas até que ponto nós cultuadores das forças da natureza estamos despertos a questões que a realidade nos impõe? Será que a pausa que acabo de dar para ir ao toalete e como de costume acionei a descarga, tenha colaborado para o Rio de nossa Mãe? E você leitor, se for uma dos muitos que tem o costume de ler quando esta no banheiro? Essa pergunta pode tê-lo deixado num dilema existencial .Quase que Shakespeariano “ Ser ou não ser eis a questão?”- Faço parte mesmo que inconscientemente dessa desumanidade para com os recursos naturais do nosso planeta? Se o esgoto coletado em sua residência fizer parte dos que não tem nenhum tratamento adequado – você colabora sim com esse segmento que destrói o meio ambiente. Porque uma parcela dos esgotos da Grande São Paulo, não são tratados e seus dejetos são jogados no leito do Rio Tiete, e também um grande numero de industrias expele seus produtos poluentes nessas águas. Todo o povo do santo, quando se depara com um rio , fonte e cachoeira tomado por um impulso mítico , respeitoso carregado de amor e louvor saúdam ORA IÊ IÊ Ô1. ASÉ MINHA MÃE OSUN. Agora pergunto . : Em qual parte do Rio Tietê podemos , olhar, e saldar nossa Mãe? Em quase nenhuma parte porque na maioria de sua extensão existe 0% de oxigênio, não há vida assim sendo, não há Asé, não há Orisá. Vale lembrar que o compromisso do nosso povo vai além da melhoria da qualidade de vida e consciência ambiental , nossa visão tem que transcender é em essência espiritual a vida do Tietê tem que ter uma dimensão maior porque esta em jogo a preservação do nosso Asé. Nossa omissão e falta de poder e interesse sobre a sociedade faz com que nossas vidas e todo e qualquer tipo de vida tornam-se degradados. Estamos acabando com todas linhas de comunicação com nossas forças espirituais ao que me parece não haverá Babalorixá que conseguira sustentar o Asé dentro do seu Ilê, sem o combustível essencial a vida das folhas, águas, e etc...O apelo é que sejamos de fato o que nossa religião se propõe a ser no seu dia a dia, com ritos de candomblé,com suas musicas e celebrações aos Orisás, sua dança, sua comida sua culturas arte e poesia. Tudo isso não significa exatamente o triunfo da vida sobre a morte, mas a afirmação de um mistério profundo que esta além da vida e da morte, além de qualquer previsão humana. A necessidade de celebração é a característica mais espontânea de qualquer ser vivo, então levemos esse momento sublime dentro de nós para darmos um basta com o que fazem com que para nós é a essência de nossa vida, a vida e saúde do planeta. Asé!


Sérgio Cumino

domingo, 17 de janeiro de 2010

Gerge Samuel Antoine o Diplomata da Intolerância

Atribuir ao comentário do cônsul do Haiti no Brasil o senhor Gerge Samuel Antoine, a um problema de falta de domínio da língua, como ele e assessores justificaram o episódio sobre seu comentário flagrado pelas câmeras da equipe de jornalismo do SBT, traduz como pessoas dessa natureza subestimam a capacidade de discernimento da humanidade. É querer esconder seu preconceito dentro da cueca em rede nacional, a emenda do senhor Cônsul ficou pior que o soneto. Que o dito expressa o que mais se repudia com que se refere a preconceito, racismo e tudo contra que lutamos isso é fato. E bem avaliado a diversos amigos em seus comentários NO CORREIO NAGO no blog (pagina) de Paulo Rogério, quando exibe o catártico depoimento. Há na declaração do referido representante oficial do Haiti em nosso país, uma menção de que a: “tragédia ser oportuna para seus interesses pessoais”. Permita-me Senhor Cônsul o plagio que farei, para nós oportuno foi o trágico depoimento, o terremoto que causou nas estrutura que roem a cada dia de uma moral burguesa e racista. Através dessa catástrofe oral nos serve para de fato avaliarmos como essas questões ecoam em cada brasileiro, brancos e negros. O principio do racismo segundo Jean Paul Sartre, se da quando um determinado grupo ou pessoa procura difundir, justificar, apontar o outro como inferior. À medida que uma pessoa se posiciona como superior a outra (seja negro, mulher, judeu, homossexual, seja qual for às diversidades étnicas e culturais) faz a sua própria condição mesmo que ilusória como superior, ou melhor, essa visão da à falsa impressão em sua satisfação psicologia, como um ser melhor. Desculpe-me amigos pelo resumo grotesco da teoria do existencialista, mas torna-se cabível, isso independe se de fato é menor ou maior, sendo que essa analise fica a mercê da ótica de quem avalia ai se tratando de uma classe “dominante” que tem na sua estrutura psicossocial que vive ainda uma cultura de Casa Grande. E no caso dos neo pentecostais assim como esses grupos que partilham da mesma inclemência e necessitam de esconder suas fraquezas demonizando os outros. Nesse caso volto à máxima de Sartre “nossos infernos são os outros”.

Como a Tragédia do Haiti serviu para vir a publico, o como aquele País dentro de uma desestrutura social e política desumana, esse diplomata da intolerância nos serve para refletirmos sobre quais os avanços e atraso de nossas estruturas democráticas e pluralistas. Isso nos faz lembrar como Marco Frenete sita em seu livro Preto e Branco a importância da cor da pele, aponta o que “ aconteceu na Alemanha pós guerra, onde reportes do mundo todo momentos depois do final, queriam entrevistar famílias nazistas para saber como ficaram ao término da guerra, esses jornalista ficaram pasmos, não encontraram uma família Nazista se quer. Esse fenômeno é conhecido em psiquiatria como Unterdrückung quer dizer “forçar para baixo” empurrar para debaixo do tapete a vergonha da nação.”Assim é tratado a questão racial no país, onde a maioria é composta de negros e pardos e são tratados como minorias, com sérios problemas de inclusão social . Nosso Cônsul da Intolerância levantou o tapete, cabe a nós, avaliarmos o panorama escancarado que esse diplomata nos propiciou. A indignação existe em cada negro, que não precisa de muita idade pra trazer em sua experiência pessoal, um tipo de discriminação, traduzir esses episódios individuais em reflexão política, os movimentos negros se empenham dia a dia, para esses avanços, hoje se sabe que em âmbito nacional, as religiões de matrizes africanas (umbanda, candomblé e etc..) já não são representadas somente por negros, essa pluralidade étnica é positiva e deve fortalecer essas religiões, nem sempre vemos isso acontecendo, o que vemos Babalorixás e Yalorixás em nome da unidade criar ações individuais com intuito único de fortalecer suas imagens, uma manifestação do ego pessoal. E quanto à população negra, até que ponto na sua maioria esta voltada a sua ancestralidade africana, ou não recorreu a um facilitador moderno a aderirem ao Gospel oriundo de negros da America do Norte? Independente do que as estatísticas apontem temos que nos unirmos por um país justo, laico que somos com direitos reservados pela nossa constituição. Sermos mais ostensivos em nossas manifestações culturais, mostrar cada vez mais o sorriso negro, sair com seus fios de contas, participar de organizações sociais, em busca da melhor qualidade de vida, e sempre gritar por seus direitos. Quiçá um dia não precisemos de Diplomatas da Intolerância que levantem tapetes porque não haverá sujeira de qualquer natureza e aqueles que representam seja de fato, uma tragédia do passado representado apenas nos livros de história. E que nossas caminhadas contra a intolerância, sejam caminhadas de milhares de pessoas pela celebração da vida e diversidade.
SÉRGIO CUMINO

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ABIÃ EM BUSCA DO SANTO GRAAL


Quando vemos as coisas através dos mitos e arquétipos transcendemos. E não pode recorrer num erro que o sincretismo nos enfiou goela abaixo de submeter cultos afro-brasileiros e demais religiões animistas sob a tutela moral do cristianismo, e procurar sempre similaridades muitas vezes onde se vê disparidades concordo com Joseph Campbell quando afirma que o grande equívoco do cristianismo e entender a Bíblia como uma história real e não como Mito. O importante é sabermos que o mito é algo vivo dentro de nós e é o que forma e liberta nossa própria estrutura psicológica.
O Abiã no candomblé é o que comete as Gafes, com o direito adquirido de perpetrar mas não deixa de ser um alienado e existencialmente solitário. É um pobre que realmente pouco sabe sobre um ritual que esta se iniciando, mas sente que é de uma complexidade fascinante, por conta disso faço o paralelo com o Mito do Santo Graal (já que o combinado é olharmos pela ótica dos mitos), contudo quando decidi pelo Candomblé, já vinha de um questionamento profundo,passando pelo materialismo ateu a esquerda festiva, me entreguei às artes cênicas mas o Orixá sabe como encaminhar seu filho e assim a transição de universo e visão de mundo foi ,como o modernista Osvald de Andrade disse: “temos que mergulhar num profundo ateísmo para atingirmos a verdadeira imagem de Deus” esse é o meu processo,fez do meu ceticismo instrumento para definir meu caminho e consciente da longa jornada e peregrinação que iniciei para construir uma base sólida para melhor servir meu orixá, no meu primeiro contato com Pai Toninho de Xangô ele após de proferir o jogo de búzios fez seguinte comentário “é lamentável que você tem um potencial grande porém está, doente espiritualmente” essa afirmação do babalorixá me arremeteu ao mito onde O Castelo de Graal que passa por problemas porque o seu rei está ferido, por se queimar com um salmão que assava num espeto, e com as feridas de Fisher King (o Rei) que não se cicatrizam o faz sofrer justamente pela sua incapacidade de tocar as coisas boas, a felicidade que tem ao seu alcance, esta incapaz de tocar o cálice sagrado O Graal, e anunciou-se que sua cura dependia do bobo da corte,um tolo, de nome Parsifal.
As feridas em mim representam os percalços que a vida me apresentou e que hoje percebo que são responsáveis por estar aqui escrevendo essa coluna, o que considero um orgulho, fruto do que pedi em minhas orações ao meu Orisá, a minha cabeça,que me desse, sabedoria, e com a força de um raio, lançou-me a escola da vida, onde aprendi que amor é dor e que viver é morrer,e que vivemos todo momento para renascermos novamente .Aí esta o paralelo que faço com o mito do Santo Graal, onde me usufruo de toda a simbologia que há em cima do Abiã do candomblé e tempero com o lado ingênuo do Parsifal, que precisa integrar a vida do rei para que se de sua cura; o que segundo Robert A. Johnson “Freqüentemente é aquele algo ingênuo e tolo num homem que começa por cura-lo; e ele precisa aceitar a idéia , precisa ser humilde o suficiente e encarar o seu lado jovem ingênuo , adolescente, e tolo, e então começar a cicatrizar a ferida do Fisher King.”o que vemos até numa citação bíblica: “Se um homem não se tornar criança outra vez, não entrará no reino dos Céus” .
Abiã é a criança que quando repreendida por algum erro, Censor balança a cabeça e com o olhar de autoridade e por vezes generosidade, é fato que seja qual for sua colocação dentro da Casa de Candomblé (ao menos que depare com outro Abiã), ele com certeza exerce uma posição Hierárquica acima do iniciante. Bom com certeza, esse Abiã que vos escreve, está “chovendo no molhado” para uma boa parte dos leitores,mas vale posicionar esse ser de cara tímida dentro dos Ilê’s .Porque essa coluna procura mostrar forma de um iniciado ler ou procurar entender dentro de sua visão de mundo, o universo estético ritualístico, e filosófico que o reino dos Orixás representam a todos nós, e curar a minha ferida para morrer, e renascer como uma Fênix junto com meu orisá . AXÉ!
Sérgio Cumino

ABIÃ - UM EMBRIÃO COM A PALAVRA

Temos pouca literatura sobre o Candomblé no Brasil, pelo menos no não montante que deveríamos ter, mas já encontramos uma trilha literária séria,quase séria, surrealista e até preconceituosa como o desserviço que é o Livro do Edir Macedo sucesso em vendas “Orixás Deuses ou Demônios”. Bom o objetivo dessa coluna é ser providencial com um olhar diferenciado dos demais é paradoxal por tratar questões ritualísticas e profundas por aquele que pouco ou nada sabe sobre o ritual, mas nele se encontra. A idéia de criar uma coluna justamente por um aprendiz, vem ao encontro de elucidar por a luz duvidas reflexões e conexões a partir de uma visão virgem do candomblé e a certeza que muitas questões atinge todas as castas não tão inocentes assim , afinal uma coluna cuja assinatura é de um tipo Parsifal “tolo ingênuo” enveredando pelos cultos afros brasileiros, e através dessas duvidas alçadas construa-se caminhos, quiçá, contribuições. Quando questionamos as especificidades literárias de fato são limitadas, mas ao meu ver pela própria estrutura do Candomblé vale citar quando Roger Bastide assim como Pierre Catumbi Verger que se dispuseram a criar uma literatura aprofundada ou melhor mais vertical que a que produziram e deixaram a nota que mais que tenham sido iniciados, dando obrigações e hoje considerados verdadeiros ícones,concluíram que o segredo, os mistérios e ritual devem ficar onde de direito estão dentro do ronco entre as paredes do Ile, quem se inicia passa a entender melhor esse posicionamento.
É sabido, que o candomblé é uma religião em movimento, em transformação, que passa por questões que variam desde a psicologia , sociologia, cultura,sincretismo, africanização,miscigenação e etc.. E que a cada casa há uma interpretação desses fatores muito pessoal e por vezes divergente de acordo com o conhecimento ou ignorância ancorados nos valores do responsável ou zelador, o que torna distante a realidade de ter uma doutrina filosoficamente coesa, quando nos referimos a cultos afro-brasileiros, e o que é pior o que muito se vê, são pessoas ligadas ao “povo do santo” que olha a religião como sombra dos cultos Judaico-cristãos, adaptar uma moral monoteísta, a religiões inteiramente ritualista e animista. Esse tema merece um tratamento mais extenso e profundo,o citei para apontar a triagem que procurei fazer e encontrar um caminho em que posso abordar o tema dentro de uma ótica que possa interessar as pessoas ou até mesmo confortar algumas também iniciantes. Venho pensando nessa questão quando o Pai Toninho me fez esse convite para escrever a referida coluna, no momento contestei dizendo que me faltava muito, o que é fato, para inserir um texto sobre Candomblé,já imaginando olhares críticos recheados de desdém egocêntricos da cadeia hierárquica do candomblé,portanto intuía nesse convite,e intuição no ritual é coisa que não podemos desprezar, uma forma como diria na psicologia Junguiana de encontrar a minha individuação uma trilha para alcançar o Santo Graal ou melhor aguçar minha percepção para construção do meu axé. Escolhi um caminho que pouco se fala e que preserva a singularidade e ao mesmo tempo universaliza que é entendermos o candomblé ou melhor nós mesmos através da mitologia universal, essa visão me tocou a primeira vez quando vi uma entrevista com o Cantor e compositor e Ogã Gilberto Gil, quando ele relaciona o candomblé como uma força mitológica tão importante quanto à mitologia Grega, o fascinante é descobrir que tudo que cultuamos encontramos nos Mitos do mundo inteiro, e que partilhamos de arquétipos afins, isso que Jung chama de inconsciente coletivo, portanto essa ótica valorizando o mito, me parece ser mais útil,do que essa visão dualista cristã. Bom x mal , “virtude x pecado”, positivo x negativo, céu x terra, e que Deus está lá no céu junto com seus anjos celestiais e nós aqui esperando o juízo final.

Sérgio Cumino.