NUMERO DE VISITAS

REFLEXÃO DE UM ABIÃ

São textos criados como reflexão sobre o ser humano e seus mitos. Com um olhar peculiar de quem vem procurando caminhos e explicações sobre a existência através da diversidade. Difundir esses textos via rede, foi um apelo de alguns amigos que acatei com muito cariinho, e me servira como laboratório para projetos maiores, portanto espero que gostem, façam seus comentários, indique a outros amigos ampliando a rede para que os textos ajudem de alguma forma aqueles que como eu, procura ler e reler caminhos trilhados.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

SERVIÇAIS DA INTOLERENCIA É O REFLEXO DO VELHO PARADIGMA

Ao me deparar com o texto “
Beyoncé, a pista Vip e o racismo institucional “-
Por Jocélio Teles dos Santos*, um depoimento indignado sobre o racismo enfronhado nas instituições que supúnhamos serem democráticas. Vi que poderia ir alem de um simples comentário sobre a importância do texto. Despertou-me a vontade que isso ecoe, e como o autor o fez, da linguagem escrita mais que um signo, e sim um valor, uma arma eficiente contra a impunidade, assim me posiciono.
Mais um lamentável depoimento sobre o racismo no Brasil, oriundo de um estado terrivelmente mal aparelhado, com pessoas que deviam estar auxiliando para o bom andamento do evento não serem a voz da barbárie institucional. Como pode o efetivo de uma policia se vir no direito, de serem os três poderes num só. O Legislativo, ali de improviso cria uma lei, constranja quem tiver que constranger, claro dentro de um bom senso constitucional, que seja negro, ai se torna Judiciário, se o sujeito (elemento) se indignar desce o cacete para ele ver quem é a autoridade, e por ultimo o Executivo, bate.
Esses acontecimentos envolvendo a polícia baiana tem sido recorrente nos noticiários. Episódio dessa natureza também era comum junto a policia militar de São Paulo, sendo um comportamento que desabona a imagem da instituição e do Estado, esse por sua vez começou a se preocupar com a selvageria da milícia institucional, não por questões humanitárias. O Estado nacional ainda não atingiu tamanha evolução, mas São Paulo só avançou puramente por motivos eleitoreiros, as pesquisas indicavam a segurança e a arbitrariedade de seus agentes uma preocupação do eleitorado. Vivemos em São Paulo, o genocídio do Carandiru e outras atrocidades nas periferias paulistanas, que forma manchetes na imprensa internacional. Isso fez os neoliberais do poder remodelar sua tropa. Hoje vemos soldados, melhor instruídos, creio que longe ainda da civilidade ideal, mas aponta melhoras visíveis belos bárbaros que eram.
Claro que o racismo existe, o que muda é que hoje tocamos na ferida, escrevemos sobre o tema, sem sermos taxados como subversivos, por levantamos a bandeira da liberdade. Já com o jornalista Fernando Jorge em 1964, foi diferente, ao afirmar que havia racismo no Brasil, além de problemas com judiciais e seus inquéritos, ficou sob a suspeita de ser um escritor subversivo, conforme se deduz numa noticia do jornal O GLOBO em 21 de abril do mesmo ano. O link com Fernando Jorge é pertinente porque além da represália ter sido por denunciar o racismo na década de 60. Demonstra também que desde a época do império até os dias de hoje mantém essa cultura fascista de comportamento truculento, onde negros, índios, artistas, jornalista, estudantes, intelectuais, professores, homossexuais, trabalhadores, religiosos de matrizes africanas, e muito mais grupos desse país tão diverso, é refém desse velho paradigma com raízes no coronelismo feudal.
Ao que vemos esse comportamento tosco da policia vem de heranças psicossociais enraizadas nessa moral imposta pelo poder, vinda das caravelas portuguesas, um ódio antigo, secular proveniente de espíritos sempre anacrônicos, serviçais da intolerância. O Brasil esta aos poucos descobrindo sua pluralidade fonte de nosso tesouro cultural, mas esse ranço do autoritarismo de uma elite neoliberal que custa sair do poder, reflete em instituições que a tempo já deveriam acompanhar as mudanças. O Brasil é um país onde criou Estado antes mesmo de ter um povo. Esse modelo arcaico ainda reverbera em setores, aonde precisam crer que é superiores a alguma coisa, serem “sinhozinhos” seja lá do que for não toleram o novo, porque isso expõe a patologia do que sofrem a doença em que é consumida, a arbitrariedade, do qual Jocélio Teles dos Santos narrou em seu Blog, e difundido no correio Nagô por DJ Branco.
O texto expressa bem isso, esse tipo de mentalidade, dessa milícia da intolerância, que reproduz um quadro social, presos numa mentalidade arcaica, são esses que praticam violência contra mulher, que tem crescimentos absurdos, exploram crianças ao trabalho escravo e etc. assim como os desbravadores lusitanos. A questão do negro tem algumas similaridades de auto-afirmação reacionária com o domínio pela força que ocorre com a mulher, só que de uma forma macro-social. Esse absolutismo dos velhos paradigmas confinados a uma crueldade histórica, conforme o negro compôs nosso quadro social, na condição desumana da escravidão, portanto visto o definem seres “inferiores” pela superegocêntrica aristocracia oriunda do velho mundo, como é exposta por Jean Paul Sartre em Reflexões sobre o Racismo, “Olhe para o outro como inferior, para se assumir como superior principio do racismo”.
Hoje vemos essa moral em mãos de um poder sem eficácia e de discurso sem interlocutores, ou melhor, sem escravos. Graças ao avanço das diversidades, assim sendo quando se deparam com a condição de seu pseudo poder, querem fazer valer sua herança moral arbitrária. Hoje o negro conquista seu espaço com maestria, como fênix, o que justifica mais o orgulho negro, e incomoda esses lacaios, vê-lo (o negro) gozando sua condição de cidadão, é lamentável querer fazer valer à força a premissa de seu preconceito. E quando com o uso da violência, mais revela o desespero que sua patologia secular insere.
Numa sociedade que avança através da troca do convívio das diferenças, essa conduta fascista, ainda é sua sombra seu negativo, a ruptura com a comunicação. Vemos então mesmo com avanços os simples modelos de troca para captar o ser dentro de uma democracia ainda é pouco. Nossa busca tem que ser pela intencionalidade coletiva, mais profunda perante as estruturas qual as oprime gerando relações sociais, e ponha de quarentena essa vertente negativa, para não germinar xenofóbicos de qualquer natureza. A fim de entenderem melhor a amplidão desse novo paradigma que faz da linguagem que antes era signo, em valor, como vemos no texto do Jocélio Teles dos Santos, na manifestação do Bloco Mulherada, contra a violência com a mulher. Assim faremos com que a ontologia do social e a reflexão sobre o poder, sejam instrumentos para construirmos uma sociedade integrada, democrática, plural e extraordinária pela sua diversidade.
SÉRGIO CUMINO
OBS: Veja http://www.irdeb.ba.gov.br/evolucaohiphop/?p=812#more-812 -Por Jocélio Teles dos Santos*Departamento de Antropologia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário